Em entrevista à Gazeta, Márcio Shimomoto contou que pretende facilitar e otimizar o tempo dos empreendedores paulistas ao tornar o sistema de abertura de empresas online
Novo presidente da Junta Comercial de São Paulo, Márcio Shimomoto
Um dos principais objetivos do novo presidente da Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) é tornar o órgão 100% digital.
O empresário contábil Márcio Shimomoto, sócio da King Contabilidade, foi nomeado em 25 de maio deste ano, como consta na edição suplementar do Diário Oficial do Estado.
Atualmente, 98% do acervo da Jucesp encontra-se digitalizado, mas o processo de registros mercantis ainda não. Em entrevista exclusiva à Gazeta, Shimomoto contou que pretende facilitar e otimizar o tempo dos empreendedores paulistas ao tornar o sistema de abertura de empresas online.
“A junta hoje está constantemente investindo em tecnologia, através da parceria que temos com a Prodesp, para que a gente possa realmente tornar a junta cem por cento digital, não só o seu acervo, mas o processo em si”, afirmou o contador.
Com a digitalização, Márcio quer reduzir o prazo de registros, alterações e cancelamentos para oito horas. “Precisamos tornar a junta mais ágil, queremos entregar a junta no final da gestão, no máximo, com oito horas para poder constituir qualquer tipo de empresa”, disse ele.
O presidente defende a ideia de que o orgão não se torne um empecilho para o empreendedor, mas sim uma solução. “Queremos que a junta se torne realmente como uma empresa de serviços, onde a satisfação do cliente na compra tenha que ser sempre garantida”, ressaltou.
Concurso
Shimomoto afirmou que a Jucesp está estudando a viabilidade de fazer um concurso para abrir mais vagas.
Embora a digitalização diminua a quantidade necessária de pessoas manuseando papéis, por outro lado ela traz mais necessidade de pessoas que analisem documentos e evitem fraudes.
“Essa análise ainda é manual, enquanto não tem a tecnologia, há necessidade de mão de obra, e sempre há uma possibilidade ter que expandir os nossos quadros da junta”.
Leia abaixo a entrevista:
Gazeta de S. Paulo: Para quem é leigo, o que é a junta comercial, para que serve e qual sua importância?
Márcio Shimomoto: Toda pessoa jurídica para ser constituída tem um primeiro ato que seria a sua constituição, que através de um contrato social, um estatuto, – depende do tipo de atividade que você vai abrir – deve ser registrado hoje na junta comercial ou em cartórios.
Quando você faz o registro, o documento fica arquivado em um desses entes e ele se torna público para que todas as pessoas conheçam que nasceu uma pessoa jurídica.
Então, a junta comercial tem a atividade de registrar e arquivar esses documentos iniciais onde faz o nascedouro daquela empresa e empresas mercantis.
E, hoje, a junta comercial também é o que nós chamamos de integrador estadual, onde, além de ser o local onde o documento fica arquivado, também tem a função de fazer o registro da Receita Federal, no estado e nos municípios.
Hoje o sistema da junta tenta facilitar a vida do empreendedor, tendo um único ponto onde ele possa dar entrada na documentação e automaticamente ter todos os registros a nível estadual e municipal, então a junta faz esse trabalho de integração de todos esses entes.
Porque antigamente você tinha que dar entrada primeiro no estado, depois na união, depois no município, depois tinha que ir nos órgãos reguladores, então o empreendedor tinha que fazer uma via crucis para abrir uma empresa.
Hoje com integrador que fica na Junta Comercial ele dá entrada na junta e automaticamente nós fazemos o registro em todos os órgãos necessários.
Aqui no estado de São Paulo a Junta Comercial é vinculada a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que hoje é o secretário Jorge Lima, e faz parte do governo do estado de São Paulo, que tem um projeto de desburocratização na qual a junta está inserida também.
Como a junta comercial está se modernizando em relação a tecnologia?
Antigamente, em um passado muito recente, todos esses registros e esses documentos eram em papéis.
Então você tinha que fazer todo o pedido e registro daqueles documentos em papel. Hoje, a junta está praticamente cem por cento está digitalizada, ou seja, o seu acervo está digitalizado.
Como a Junta de São Paulo é uma é a maior junta do país, ainda temos o trânsito de papéis, ou seja, aquele momento inicial onde dá entrada, muitos dos nossos empreendedores ainda se sentem mais confiantes e também acham mais fácil utilizar o papel.
A junta tem trabalhado muito na tecnologia para que nós possamos fazer isso digitalizado, para que ele (empreendedor) tenha que se deslocar menos e que seja mais rápido esse processo de registro na junta.
Então a junta hoje está constantemente investindo em tecnologia, através da parceria que temos com a Prodesp, para que a gente possa realmente tornar a junta cem por cento digital, não só o seu acervo, mas o processo em si.
Qual legado você quer deixar como presidente da junta comercial?
Queremos que a junta se torne realmente como uma empresa de serviços, onde a satisfação do cliente na compra – que são os empreendedores – tenha que ser sempre garantida.
Então precisamos tornar a junta mais ágil, queremos entregar junta no final da gestão, no máximo, com oito horas para poder constituir qualquer tipo de empresa, tornando ela mais digital.
Para que não seja apenas uma junta de registro, mas que a gente tenha informações que possam ser úteis ao empreendedor, para que possam ser úteis para as políticas públicas e para que o estado possa conhecer realmente como estão e quem estão as empresas no estado de São Paulo de uma forma ágil e fácil, para que a gente não venha a ser um empecilho para o empreendedor, mas sim uma solução.
Há alguma previsão para abertura de concurso?
Hoje estamos estudando a viabilidade de fazer um concurso para abrir mais vagas.
Muito embora a digitalização diminua a quantidade necessária de pessoas manuseando papéis, por outro lado ela traz mais necessidade de pessoas que analisem documentos, que analisem cada item dos contratos para que a gente possa evitar que o povo, a população, o público em geral sejam fraudados.
Então essa análise ainda é manual, enquanto não tem a tecnologia, há necessidade de mão de obra, e sempre há uma possibilidade de ter que expandir os nossos quadros da junta.
Qual a importância dos encontros entre as juntas estaduais?
Hoje nós temos em cada um dos estados uma junta comercial, regidos – na maioria – por um órgão centralizador, que é o DREI, mas temos legislações estaduais e cada uma das juntas é independente nos seus trabalhos em relação aos outros, contanto que cheguem nas orientações nacionais.
Por conta disso, cada estado tem um sistema diferente.
É importante essas reuniões através da nossa federação, que é a Fenaju, para que a gente tenha encontros desses presidentes da junta para que a gente possa conhecer soluções e como está sendo feito o processo em cada uma dessas juntas, porque precisamos unificar esses processos para que, por exemplo, um empreendedor da Bahia ao tentar abrir um negócio ele consiga abrir também não só na Bahia, mas se ele precisar vir em São Paulo, ele consiga pelos trâmites identificados como ele tem na Bahia, aqui em São Paulo também.
Hoje, embora as informações sejam as mesmas que vão para Receita Federal, o input, ou seja, a entrada de dados é diferente em vários estados.
Essas reuniões são importantes porque a gente está estudando uma forma de unificar a forma de você estar abrindo uma empresa no país inteiro. Então isso traria mais fluidez e facilidade ao empreendedor.
Como está a integração da Jucesp com os municípios paulistas?
Como hoje o estado de São Paulo é composto por seiscentos e quarenta e cinco municípios, para que a nossa integração e a velocidade aumente, nós precisamos da colaboração desses municípios para que possa estar incluídos os dados junto ao integrador nacional da Junta Comercial.
Então nós temos um trabalho muito forte com as prefeituras para que elas possam vir para esse integrador – para que a gente possa no final ajudar os empreendedores de cada um desses municípios a realmente gerar empregos e movimentar o negócio. Porque no final das contas é a iniciativa privada que movimenta o País.
Fonte: gazetasp.com.br