150 mil euros por ter ficado surda: AstraZeneca enfrenta o primeiro processo alemão relacionado com suposto efeito secundário da sua vacina. Centenas de processos vão surgir ainda neste Verão mas as empresas estão tranquilas – ou não?
Já se fala sobre isso desde 2020, agora os casos seguem para tribunais: nesta segunda-feira a AstraZeneca começou a enfrentar o primeiro processo judicial, na Alemanha, por causa de supostos efeitos secundários causados pelas suas vacinas anti-covid.
E as empresas estão tranquilas quanto aos processos. Certo? Pergunta o jornal Handelsblatt. Já lá vamos.
Este primeiro caso envolve uma dentista, 42 anos, que vive em Mainz.
A acusação exige 150 mil euros em danos. Quais danos? A dentista alega que ficou surda do ouvido direito por causa da vacina contra o coronavírus.
A profissional de saúde detalha o caso: formou-se um coágulo de sangue no seu ouvido depois de ter sido vacinada, há dois anos.
Nunca mais ficou apta para continuar a ser dentista.
Este processo judicial no Tribunal Regional de Mainz é a primeira audiência oral contra um fabricante de vacinas – mas será a primeira de muitas.
AstraZeneca, BioNTech, Moderna e Johnson & Johnson: todas vão a tribunal ainda neste Verão.
Há centenas de casos contra estas empresas, acrescenta o jornal. E, a cada semana, aparecem em média mais 10 processos.
A maioria deles será contra a BioNTech, que foi também a empresa que cedeu mais vacinas na Alemanha.
As teorias, com ou sem conspiração, centram-se numa questão: como foi possível colocar tão rapidamente no mercado estas vacinas? Desta vez não houve estudos a durarem anos; ainda antes de se assinalar um ano desde o início da pandemia na Europa, já havia vacinas disponíveis.
Agora, mais do que teorias, chegam queixas concretas. Mas um acordo com a Agência Europeia de Medicamentos suavizou o impacto financeiro para as empresas: é que, em casos perdidos no tribunal, quem paga é o Governo de cada país.
A reputação é que poderá baixar consideravelmente, caso se prove que foi a vacina a causar efeitos secundários graves.
Há processos que já estão a ser resolvidos longe dos tribunais: algumas grandes empresas de vacinação já pagaram indenizações. Ficou tudo em segredo de Justiça.
Mas, alegadamente, a AstraZeneca e a Johnson & Johnson afastaram totalmente a possibilidade de assinarem acordos extrajudiciais.
As empresas fabricantes de vacinas não querem comentar os processos que já estão em andamento, mas expressam a sua solidariedade com os pacientes afectados.
Mas, por exemplo a BioNTech, reforça algo importante: cada caso é um caso.
Para se mostrar que uma alegação é justificada, é preciso provar duas coisas: uma conexão causal entre a vacinação e o comprometimento do estado de saúde, e que o risco foi maior do que o benefício naquela vacina. Ainda há um terceiro cenário: se a bula não corresponder às últimas descobertas científicas.
A mesma BioNTech garante que, até agora, não foi detectada qualquer conexão associada à vacina.
Mas todas as grandes empresas farmacêuticas citadas parecem estar confiantes: nos seus orçamentos não há qualquer parcela destinada a indemnizações a eventuais vítimas de efeitos secundários da vacina.